Já com a época na fase final, aguardando o desfecho do processo do escalão de Juvenis, que decidirá se participam ou não na taça nacional, Nor Junior, Presidente do AC DNO acedeu dar uma entrevista a nossa redacção, falando sobre a época 2009/2010.
RD: como é que decorreu a época 2009/2010?
NJ: cheia de sobressaltos, porquanto o clube participou sem qualquer tipo de patrocínio ou apoio, e ainda com a agravante de ter que custear despesas de aluguer de pavilhão que ascendiam os 500 € por mês.
RD: como é que foi possível tal feito, tomando em consideração que a época desportiva tem custos elevados, nomeadamente com inscrições e demais encargos?
NJ: com muito sacrifício e vontade de conseguir prosseguir os objectivos traçados. Grande parte senão a totalidade do dinheiro veio do meu bolso, e fi-lo com a consciência de que estava a servir a comunidade.
RD: porquê e que diz isso?
NJ: eu vivi algum tempo na Alemanha, e contrariamente ao que se verifica em Portugal, todo o cidadão despende cerca de 10% do seu tempo ao serviço da comunidade, e a responsabilidade social está associada ao modo de vida de cada cidadão. Por isso não custa nada fazê-lo.
RD: Porquê é que disse contrariamente a Portugal?
NJ: Aqui em Portugal existe muito egoísmo e fica tudo á espera de ajudas Camarárias para desenvolver uma iniciativa de carácter social, o que a meu ver se torna muito deficitária o desenvolvimento de actividades de carácter desportivo e cultural.
RD: então o projecto AC DNO, não tem qualquer tipo de apoio.
NJ: sim, sim, o facto de ser oriundo de Moçambique tem pesado, todos olham com desdém ao projecto, e ninguém apoia, todas as portas se fecham, e a nível camarário nunca ninguém se dignou a receber-nos. Acredito que se fosse filho da terra com estatuto que o clube tem os apoios viriam com certeza. Afinal temos movimentado anualmente cerca de 65 atletas, desde Escolinhas ao escalão Sénior, e tudo isso passa como se nada fosse.
RD: assim é difícil?
NJ: claro que é, a estrutura do clube move-se a volta de quatro pessoas, Eu, o Manito e Damas, e apoio jurídico da Drª Célia Martins, o que para o número de atletas que temos torna-se muito reduzido.
RD: mas no inicio da época muito se falou de reforço da estrutura. O que se passou?
NJ: sim, mas assumo os erros de tal fracasso pois apostei nas pessoas que nos momentos chaves me falharam. Eu acreditei que vinham para ajudar, mas depois começaram as exigências, repara que antes de começar o campeonato tive que pagar despesas dos colaboradores com dinheiro do meu bolso, o que se revelou caótico pois em reunião de Direcção decidiu-se não continuar com tais custos, pois o clube é amador e vive da vontade dos dirigentes e associados. E isso não foi interiorizado pelos colaboradores daí que tudo voltou à estaca zero, e os suspeitos do costume tiveram que assegurar o barco até ao fim.
RD: Porquê apoio jurídico, para um clube amador?
NJ: é que a Associação de Futebol de Santarém, castiga demasiado o clube com multas e coimas, os processos infundados são regra, o que obriga sempre um apoio constante de advogado. Em fim, nós pagamos inscrições e tudo e acabamos sempre por pagar outro tanto em multas. É insuportável. O tratamento que nos dá é discriminatório. Enfim é vergonhoso!!!!
RD: porque é que Associação vos trata dessa forma?
NJ: não sei, gostaria de saber. Afinal somos um clube filiado como os outros e merecíamos respeito. Eu nunca faltei ao respeito à Associação, agi sempre com urbanidade embora sempre dando a cara nos momentos em que as coisas não corriam bem!!! Não percebo o tratamento.
RD: então o que se passa?
NJ: digo-lhe a titulo de exemplo, este ano com tanta suspensão tentaram acabar com o clube, mas eu sempre disse este movimento só acabará quando eu entender!!! Penso que ainda não perceberam a mensagem!! O AC DNO foi formado com a perspectiva de tornar num dos clubes de referência do distrito, e conseguimos isso em tão poucos anos de existência já conquistámos títulos, e temos no global tido boas prestações.
RD: nesta época como é que correu?
NJ: não fosse a não realização dos jogos do dia 5 de Dezembro, que até hoje ninguém nos explicou o porquê? Tudo seria diferente.
RD: Porque disso?
NJ: os juniores iam em primeiro, os juvenis também, e por coincidência íamos jogar aos Patos, a não realização, acabou por matar o espírito da máquina trituradora que Nuno Cristóvão estava a preparar e levaram a que André Horta saísse do clube deixando a equipa dos juvenis, os seniores embora Orlando Marques tenha feito um milagre em recuperar os níveis anímicos dos atletas, a equipa nunca mais se encontrou e o plantel desmoronou-se, os abandonos foram sucedendo e foi pena porque merecíamos mais.
RD: as apostas foram grandes?
NJ: tínhamos um plantel, com os melhores jogadores do Distrito, falo de Kareu, Cyro, Moleiro, Carriche, João Vitor, Marco “Maradona”, Pedro Pintor, Raspa, Pimentel, Nuno Alves e Mendes, Guilherme, e já no final com Oliveira, mas que com tanta problemática, suspensões do clube acabou-se por desmembrar. Não fosse o Sr. Carlos e Orlando Marques a recuperarem a equipa tudo seria muito complicado.
Nos juniores, uma vez mais tínhamos tudo para ganhar, mas acabamos por morrer na praia, pois a suspensão do dia 5/12/2009 matou o espírito de grupo que ate ai vinha dando frutos.
Nos Juvenis, o Experiente Juvenal Silva, veio dar outra dinâmica a equipa e conseguiu ganhar a taça e campeonato, pena foi mancharem a grande caminhada com jogadas de secretaria.
RD: então diz que se não houvesse jogos de secretaria tudo seria diferente?
NJ: sim, para quem viveu por dentro esta polémica, via-se que alguém queria matar o clube!!! Disso não tenho dúvidas. Mas isso só acontece porque pretendem beneficiar alguns.
RD: porque diz isso?
NJ: Quando ganhamos títulos a entrega dos troféus até parece que é feita com muito sacrifício, ou contra vontade, fomos ao Nacional e até hoje não recebemos a verba que FPF dá aos clubes para as deslocações, ganhamos a taça disciplina e nada…. Em fim são coisas que não deviam acontecer…. Se me perguntar porquê? Digo logo que não sei nem vejo motivo para tal… acho lamentável, lamentável.
RD: então que balanço faz da época?
NJ: positivo, conquistamos títulos, numa época dificílima para o clube, que teve que enfrentar muitas adversidades. Dou aqui o meu muito obrigado aos treinadores, Orlando Marques, Carlos Cebola, Nuno Cristóvão e Juvenal Silva, que demonstraram ser uns grandes homens e grandes campeões.
RD: Que é que achou negativo?
NJ. De negativo foram, as apostas que fiz e que não resultaram falo de alguns jogadores e dirigentes, e não só comentavam coisas que nunca corresponderam a verdade, sei lá ditas por quem.
RD: porque diz isso?
NJ: um jogador que abandonou o clube, ia sempre tentando desmoralizar os miúdos dizendo que não estávamos autorizados a jogar, e que sabia isso de fonte segura, o que é facto é que o tiro saiu pela culatra, pois nada disso foi verdade e acabamos os campeonatos com dignidade. ISSO É QUE É O ESPIRITO DO AC DNO – persistência, garra, querer e espírito de sacrifício, só assim conseguimos derrotar os nosso inimigos!!!!!!!!
RD: acha que a postura da associação faz desacreditarem do vosso clube?
NJ. Sim, de certo modo a constante perseguição desgasta quer atletas e dirigentes e transparece para o exterior uma imagem negativa do clube, pena é que tudo isso não corresponde á verdade!!! Pois todos os clubes devem ter tratamento igualitário, porque senão vão ter que cortar as benesses que são dadas no acto de inscrição. Se fraccionam pagamentos para uns não podem exigir a outros que antes desse pagamentos que os mesmos sejam feitos. É uma questão de justiça só.
RD: e para o futuro? Que se projecta?
NJ: iremos introduzir novos modelos, até porque a questão do transporte já está resolvida, temos duas carrinhas de 9 lugares o que facilitará o transporte. Por outro lado enganam-se os que pensam que o clube deixará de competir, pois estaremos mais fortes que nunca, privilegiando a prata da casa
RD: e como?
NJ. Não daremos qualquer hipótese de manietarem o clube, tudo será feito logo de inicio, evitando assim subterfúgios para prejudicarem o clube.
RD: posso-lhe perguntar quais são as apostas?
NJ: em todos os escalões fazer uma boa época e se tivermos hipóteses ganhar alguma coisa, pois eu enquanto atleta fui sempre ganhador e quando entro para uma competição é mesmo para ganhar. Espero que seja esse também o espírito da equipa.
RD: E quanto a treinadores?
NJ: eu não sou apologistas de mudanças, até porque nos projectos de formação deve-se privilegiar a continuidade, eu sempre darei prioridade aos treinadores que estão no activo, que aliás já foram antes de acabar a época convidados a ficar. Mas como tudo na vida depende da vontade dos próprios fica tudo nas mãos deles.
RD: já alguém respondeu afirmativamente?
NJ: Nuno Cristóvão e Juvenal Silva sim, embora este último terá que fazer uma missão no estrangeiro o que estará ausente durante algum tempo. Já quanto a dupla técnica dos seniores conto com eles para conduzirem os destinos da equipa, pese embora Orlando Marques tenha já manifestado o seu interesse em sair.
RD: Quais as prioridades?
NJ: a sede é uma prioridade, pois precisamos urgentemente de ter um espaço de lazer para os dirigentes, associados e atletas, tudo estou a fazer para concretizar. Depois preparar com antecedência a próxima época, teremos algumas novidades. Em sede própria anunciarei.
RD. Qual a mensagem que deixa aos seu elenco e atletas?
NJ: continuem a acreditar e a confiar neste movimento, pois o que nos move é o gosto pelo desporto.
